domingo, 23 de novembro de 2008

A escola pública está ameaçada?

Depoimento meu sobre a qualidade das escolas públicas que foi publicado no último "Jornal de Leiria":

Temos algumas boas escolas públicas, com bons professores. Mas, hoje, há razões para estar preocupado com o futuro dessas escolas, dado o ambiente geral de facilitismo nas escolas e a sobrecarga burocrática que pende sobre os professores, com manifesto prejuízo do bom ensino que eles podem fazer. Olhando para os “rankings” de escolas verifica-se que o ensino público está a perder para o privado e as pessoas, como eu, empenhadas na defesa do ensino público, devem reflectir sobre isso e procurar actuar. Nomeadamente apoiando a posição dos professores e dos pais da escola pública mais bem classificada, a Infanta D. Maria de Coimbra, contra uma avaliação que não é séria nem competente. Seria muito mau se os pobres estivessem condenados à pobreza por a escola pública se degradar.

8 comentários:

Manuel Rocha disse...

Completamente de acordo na conclusão e na defesa da escola pública ( embora com dúvidas sobre as ameaças que identifica) , espero que O CF não estivesse a pretender apresentar a Infanta D Maria como paradigma da "escola de pobres"! Estava ?

Carlos Fiolhais disse...

Caro Manuel Rocha
Reli o meu texto e acho que não se pode inferir que o D. Maria seja um "paradigma de 'escola de pobres'".
O que disse foi que os pobres só têm a possibilidade da escola pública. Não têm alternativas!
Carlos Fiolhais

Daniel Braga disse...

Concordo em absoluto. Estou no ensino privado mas defendo uma escola pública de qualidade pois todos têm direito, perante a lei, de aprender e de ter um ensino de exigência e do não facilitismo para que essa mesma exigência se espelhe na qualidade da aprendizagem adquirida. E a escola pública tem aqui uma responsabilidade enorme pois a maioria das famílias não pode ter os filhos na escola privada. Não sou apologista da clivagem de que o ensino privado é que é bom e o público mau. Há bom ensino privado como há bom ensino público. E o recíproco também é válido.Mas toda esta burocracia e complexidade da avaliação que grassa nas escolas,apenas desgasta os professores e os afasta da sua primordial função:ensinar!E a tutela tem aqui uma enormíssima responsabilidade na degradação por que passam as escolas.

Daniel Braga disse...

Não assinei o texto anterior. Mil desculpas

Daniel Braga

Em defesa da Escola Publica disse...

Excelente texto - como na maioria das vezes tem razão...

João Ventura disse...

Seria bom que fosse feita uma análise séria aos famosos rankings. Nõ percebo como se pode comparar uma escola que numa disciplina leve 70 alunos a exame e outra que na mesma disciplina leve 7...

John Fritz Von Gato disse...

Ninguém vai à bola com a avaliação à moda da Tia Maria de Lurdes - não é séria, não é competente, não há com sabor a morango!

É verdade que não há sabor a morango - perguntei, e disseram-me que só com sabores amargos - mas por que raio não é séria nem competente? Toda a gente diz que não é séria nem competente, mas ninguém explica porquê...

Quer dizer, há assim umas explicações do tipo: «isso das cotas não deve existir», «eu sou professor, logo não sei avaliar», «é preciso preencher papéis e fazer contas», «se não for obrigatório usar uma gravata às bolinhas amarelas não quero». Mas claro que isto são brincadeiras. Bom, a da gravata talvez não, mas de um modo geral são brincadeiras só para manter a boa disposição, que a Maria de Lurdes é muito trombuda.

Mas com a brincadeira, ficamos sem saber por que não é sério o modelo e avaliação da Tia Lurdes que foi a ministra. Não é sério porque tem anedotas de Alentejanos lá no meio dos impressos? Caraças, tenho que olhar para aquilo outra vez! Não é competente porque obriga assim as uns procedimentos estandardizados, mais umas cenas esquisitas? Engraçado, eu pensava que os assim é que eram as competentes...

E se não é competente, por que raio só agora é que os sindicatos dos stôres querem propor umas alternativas? Que aliás, ainda são secretas... Ah, e o Bloco de Esquerda também? Ena pá! Mas porquê só agora?...

Mas pronto, porreiro, não há crise, vou ficar à espera do Bloco, dos sindicatos, da D. Maria de Coimbra - se entretanto ela aparecer - para finalmente ver se aprendo o que é um modelo de avaliação sério e competente, e, já agora, com sabor a morango (baunilha dispenso).

Carlos Pires disse...

O facto de uma instituição ser pública constituirá uma qualidade?
Neste blogue há um post perguntando se as empresas são intrinsecamente amorais - parafraseando: as escolas públicas serão intrinsecamente boas?
Creio que a resposta é não. Do mesmo modo, as escolas privadas não são intrinsecamente más.
O que me interessa enquanto cidadão é ter boas escolas - públicas ou privadas. E gostaria de ter maior liberdade na escolha.

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