quinta-feira, 30 de agosto de 2007

MAIS HUMOR NA CIÊNCIA - O PAI NATAL NÃO EXISTE


Na sequência do texto sobre o Inferno, outro, também de autor desconhecido e também a circular há algum tempo, sobre o Pai Natal. Pode haver gente que não conheça:

Na Terra, há cerca de dois mil milhões de crianças (por criança, entende-se todo o indivíduo com menos de 18 anos). Contudo, como o Pai Natal não vai visitar as crianças muçulmanas, hindus, judias ou budistas (salvo eventualmente no Japão), o volume de trabalho para a noite de Natal fica eventualmente reduzido a 15% do total, ou seja, a 378 milhões. Contando uma média de 3,5 crianças por casa, temos 108 milhões de casas. O Pai Natal dispõe de cerca de 31 horas de trabalho na noite de Natal, devido à existência de diferentes fusos horários e à rotação da Terra, admitindo a hipótese de que viaja de Leste para Oeste, o que, de resto, parece lógico.

Tal equivale a 967,7 visitas por segundo, o que significa que para cada lar cristão com uma criança bem comportada pelo menos, o Pai Natal dispõe de cerca de um milésimo de segundo para estacionar o trenó, sair, descer pela chaminé, encher as meias com as prendas, distribuir o resto dos presentes junto ao pinheiro, provar as guloseimas que lhe deixam, voltar a subir a chaminé, saltar para o trenó e dirigir-se para a casa seguinte.

Supondo que essas 108 milhões de paragens se distribuem uniformemente à superfície da Terra (hipótese que sabemos falsa, mas que aceitamos como primeira aproximação), teremos que contar com cerca de 1,4 km por trajecto, o que significa uma viagem total de mais de 150 milhões de quilómetros, sem contar com os desvios para reabastecimento ou fazer chichi.

O trenó do Pai Natal desloca-se pois à velocidade de 1170 km/s (3000 vezes a velocidade do som). A título de comparação, o veículo mais rápido fabricado pelo homem, a sonda Ulisses, não vai além dos 49 km/s e uma rena média consegue correr quando muito a 27 km/h. A carga útil do trenó constitui igualmente um elemento interessante. Supondo que cada criança apenas recebe o equivalente a uma caixa de Legos média (cerca de um quilo), o trenó suporta mais de 500 mil toneladas, sem contar com o peso do Pai Natal. Em terra, uma rena convencional não consegue puxar mais de 150 kg. Mesmo supondo que a famosa "rena voadora" tem um desempenho dez vezes superior, o Pai Natal não consegue cumprir a sua missão com 8 ou 9 animais; precisará de 360 000, o que vem aumentar a carga útil em mais 54 000 toneladas, abstraindo já do peso do trenó, o que corresponde a sete vezes o peso do Príncipe Alberto (o barco, não o monarca). 600 000 toneladas a viajar a 1170 km/s produzem uma enorme resistência do ar, a qual provoca um aquecimento das renas, tal como um engenho espacial ao entrar na atmosfera terrestre. As duas renas da frente absorveriam cada uma a energia de 14 300 milhões de joules por segundo. Em resumo, entrariam quase instantaneamente em combustão, pondo perigosamente em risco as duas renas seguintes. O rebanho de renas vaporizar-se-ia completamente em 4,26 milésimos de segundo, isto é, o tempo exactamente necessário ao Pai Natal para chegar à quinta casa.

Tal, porém, não é o pior. O Pai Natal, passando fulgurantemente da velocidade instantânea nula a 1170 km/s num milésimo de segundo, ficaria sujeito a uma aceleração tremenda. Um Pai Natal de 125 quilogramas (que seria ridiculamente magro) ver-se-ia esmagado contra o fundo do trenó por uma força de 2157 507,5 quilogramas-força, o que lhe reduziria instantaneamente os ossos e os órgãos a uma pequena massa pastosa.

Isto é: se o Pai Natal existiu, já morreu!

14 comentários:

António Parente disse...

Caros cientistas

Não existe evidência empírica que o Pai Natal tenha morrido. É natural que não apareça nos vossos lares dado que como ateus não preparam a chaminé para o receberem e dada a vossa situação económico-financeira (fruto da crise das finanças públicas) o Pai Natal não se sentirá muito motivado a colocar brinquedos em meias semi-esburacadas.

Tudo o que afirmam faz sentido, dentro do quadro de conhecimentos científicos e de raciocinio mental dos Srs. cientistas.

Mas, srs. Cientistas, porque não admitem a possibilidade de existirem leis do Universo ainda desconhecidas para vós mas que funcionam apesar de não serem do vosso conhecimento? Porque não admitem os Srs. cientistas a possibilidade de existir conhecimento à priori, numa dimensão espacio-temporal diferente, e que condiciona o nosso mundo e aquilo que vemos dele.

Tudo aquilo que afirmam sobre o Pai Natal é possível e necessariamente verdade, se ele existir. Mas nunca vi um Sr. cientista interessar-se por essa investigação. À priori, decidem que ele não existe. Mas como afirmei anteriormente, não existe nenhuma evidência empírica que não exista. Sei que um dos dogmas da ciência é provar que qualquer coisa existe mas o mais difícil é provar que não existe. E disso fogem os Srs. cientistas como o diabo da cruz.

Carlos Medina Ribeiro disse...

... e deixa viúva a Sra. Mary Christmas...

Anónimo disse...

Sr. Parente,

É ridícula, no mínimo, a sua intervenção!

O texto apresentado, sendo humorístico, mais não é que uma racionalização da invenção do Pai Natal.
Presumo que, mesmo sendo cristão (ou melhor, religioso) como aparenta, não acreditará no Pai Natal?
Ou será vc. funcionário da Coca-Cola?

Tenha mais sentido de humor, homem!
E deixe lá os saudosismos da santa inquisição!

Carlos Medina Ribeiro disse...

OS ELBONIANOS DA BLOGOSFERA

A PRINCIPAL PREOCUPAÇÃO de quem escreve - nomeadamente crónicas, artigos de opinião ou simples textos de humor - é a de ser claro, para que não possa haver dúvidas sobre o que diz ou quer dizer.
Ora, para ser bem sucedido nesse seu legítimo desejo, tem de ter em atenção o expectável universo dos seus leitores, pois o mesmo texto poderá não ter a mesma receptividade (e compreensão) por parte dos do «Jornal de Letras», do «Correio da Manhã» ou dos que só lêem jornais desportivos.

A Internet (em geral) e a blogosfera (em particular), porém, tornaram de pouca valia tais cuidados, pois qualquer pessoa pode aceder a qualquer texto - o que, em si mesmo não teria mal nenhum se não se desse o caso de, por vezes, dar origem a mal-entendidos desagradáveis.

Assim, a solução (e a tentação...) pode ser a de nivelar por baixo a qualidade dos textos, em detrimento da - pelo menos pretendida... - qualidade literária.
Mesmo assim, há casos perdidos: é possível escrever alhos (recorrendo à linguagem mais chã) e vir alguém esgrimir contra bugalhos. E a experiência mostra que, em geral, de pouco adianta argumentar com esse alguém, pois, se não percebeu o texto inicial, também dificilmente entenderá os argumentos em sua defesa - mesmo que esteja de boa-fé.

Aliás, Scott Adams (o genial criador de Dilbert) já abordou esse problema (pois também ele, amiúde, se depara com leitores idiotas ou semi-analfabetos) recorrendo aos elbonianos, umas personagens que criou para esse e outros efeitos:
Numa tira, que ficou famosa, um desses tontinhos diz para outro que tal:

- Já aprendemos a escrever. Agora, vamos aprender a ler!
.

Joana disse...

Caro Carlos Medina Ribeiro:

Aqui os elbonianos são mais para o fanático: católicos, o Bernardo, o Filipe Alves e o Parente, e evangélicos, o anónimo Jónatas Machado e sua troupe.

bananoide disse...

Não sejam assim...

Correndo, o risco de plagiar alguém, nunca estudei ciências nem física na escola e, no entanto, quando li livros complexos sobre física quântica percebi-os perfeitamente porque os queria perceber. O estudo da física quântica ajudou-me a ter uma compreensão mais profunda do Pai Natal, a um nível energético.

...

Ao focar-se naquilo que quer, está a mudar a vibração dos átomos dessa coisa e está a fazer com que vibre para Si. A razão pela qual você é a torre de transmissão mais poderosa do Universo é o facto de lhe ter sido dado o poder de focar a sua energia através dos seus pensamentos e de alterar as vibrações daquilo em que está focado, e que é depois magneticamente atraído até si.



Resumindo, o Pai Natal existe, se você acreditar nele. Mas não pode sequer duvidar.

Se seguir esta lógica, pode ter a certeza que o Pai Natal existe, pelo menos na sua cabeça...

António Parente disse...

Cara Joana

Sinceramente não acredito que o Carlos Medina Ribeiro, um comentador intelectualmente válido, com obra publicada, não tivesse percebido a ironia do meu comentário.

Já quanto à Joana, minha velha conhecida, não tenho dúvidas que percebeu mas não resistiu à tentação de atirar uma granada na vã esperança de aparecer por aí um criacionista mais tardio de modo a não dar por perdido as muitas horas que passou online, vigilante e atenta, na defesa da sua dama. ;-)

Carlos Medina Ribeiro disse...

António Parente,

Percebi, claro!

Este meu texto já é antigo (costumo acompanhá-lo com uma tira do Dilbert e dos elbonianos), e é um alerta para os cuidados que é preciso ter ao escrever na blogosfera.

Deve ter havido quem não tenha percebido o humor do texto do post, como decerto houve quem não tenha percebido o humor do seu.

Carlos Medina Ribeiro disse...

(...) Pela mesma razão, também é frequente não ser claro o que quero dizer com este meu texto - e aí a culpa já é toda minha!

Abraço

CMR

António Parente disse...

Carlos Medina Ribeiro

Eu percebi o humor do texto e tentei responder no mesmo tom. Nunca esperei que nenhum dos cientistas tentasse argumentar em relação ao que escrevi. Se o tivessem feito seria uma grande surpresa e até ficaria incomodado.

No que respeita ao estilo literário não tenho muita paciência para escrever e rever. Procuro minimizar o tempo de leitura e participação no blogue.

Finalmente, o seu comentário sobre o Dilbert foi uma oportunidade para dialogar com uma velha conhecida, por quem eu nutro uma amizade virtual profunda, embora não correspondida.

Um abraço

AMPP

Carlos Medina Ribeiro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luís Bonifácio disse...

Morte ao Paganismo disfarçado de Pai e Árvore.

Viva o Menino Jesus e o presépio.

Carlos Medina Ribeiro disse...

A parte que interessa da tira que refiro pode ser vista em:

http://sorumbatico.blogspot.com/2007/08/os-elbonianos-da-blogosfera.html

sofia disse...

têm que ver um filme do noddy e do pai natal que explica os seus tres segredos... (presentes para todos, em todo o lado, e caber na chaminé) tem tudo a ver com uns pozinhos mágicos... o meu filho acreditou...

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