segunda-feira, 14 de julho de 2014

Sociedade Portuguesa de Física critica avaliação da FCT

Posição da Sociedade Portuguesa de Física sobre a Avaliação pela FCT  das Unidades de Investigação da área da Física:

"A SPF manifesta grande preocupação com os resultados da 1ª fase do  processo de avaliação pela FCT das unidades de investigação na área da  Física.

Estes resultados apontam para o não financiamento, ou financiamento a nível  residual, de um elevado número de unidades de I&D em Física de  reconhecido mérito, com classificações de “Excelente” ou “Muito Bom” em  sucessivas avaliações anteriores realizadas por painéis de peritos  internacionais.

Embora a SPF compreenda que há evoluções naturais no sistema científico,  cabe à SPF alertar que estão a ser eliminadas ou fortemente constrangidas  no seu crescimento, a maioria das unidades que se localizam no Centro e no  Norte de Portugal que têm contribuído intensamente para o desenvolvimento  da Física em Portugal. A exclusão do sistema de financiamento de cientistas  com indiscutíveis provas dadas, mensuráveis bibliometricamente e com  impacto na formação de novas gerações de físicos e em novos domínios de investigação, evidencia fragilidades no exercício de avaliação realizado.  São aparentes várias falhas. As unidades de Física foram avaliadas por um  painel generalista para todas as ciências exatas, contando com quatro físicos  num total de 11 membros, sendo notória a falta de especialistas em algumas  áreas da Física com maior atividade em Portugal. Dado que a investigação  atual de topo tem uma natureza altamente especializada e técnica, o rigor  que se pretende na avaliação de unidades de investigação só é possível com painéis de avaliação que integrem personalidades com experiência  indiscutível no domínio a avaliar.

Por outro lado, comentários apresentados em alguns relatórios de avaliação  denotam falta de conhecimento da realidade local, do modo de  funcionamento e financiamento das unidades de investigação em Portugal, e têm origem nas limitações intrínsecas a uma avaliação de base estritamente  documental. Os resultados desta primeira fase de avaliação são, em muitos  casos, incompreensíveis faces aos indicadores de produtividade das  unidades que a FCT publicou. Estas fragilidades poderiam ser colmatadas  com visitas do painel de avaliação a todas as unidades de investigação. No    entanto, não estão previstas visitas para as unidades que não passaram à  segunda fase, numa mudança de metodologia em relação a avaliações  anteriores.

A investigação em Física feita em Portugal tem uma afirmação internacional  crescente e já bem estabelecida, como evidenciado pelo levantamento de  2014 da Direção-Geral de Estatística da Educação e Ciência, intitulado  "Produção Científica em Portugal". De acordo com esse estudo, o impacto  das publicações científicas produzidas em unidades de investigação ou em  universidades em Portugal na área da Física, no período 2008-2012,  ultrapassa a média europeia (UE-15) ficando à frente de países como a Espanha, França, Itália e Bélgica. Verifica-se igualmente um aumento  sistemático do impacto das publicações em Física, sobretudo desde 2005.

Neste contexto, com a eliminação no sistema científico português de 50%  das Unidades de Investigação na área da Física, os investimentos avultados  em equipamento e recursos humanos obtidos em concursos competitivos  promovidos pela FCT, União Europeia e outras entidades, serão  desperdiçados, dada a impossibilidade de manter em funcionamento regular  as unidades sem financiamento estratégico. Estão assim em risco a  investigação, a atração de jovens para área da Física e das suas aplicações,  a formação graduada e pós-graduada numa área de investigação das mais  pujantes em Portugal e essencial para o seu desenvolvimento científico,  tecnológico e económico.

A SPF propõe e disponibiliza-se para colaborar no sentido de se proceder a  uma revisão equilibrada, informada e técnica dos resultados do exercício  realizado, de modo a evitar consequências irreparáveis."

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