quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

“Quotas são um incentivo”

“Não há mérito sem quotas”. Esta frase, com que iniciámos um texto publicado aqui foi proferida num acalorado debate televisivo sobre a avaliação do desempenho docente pela então Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues.

A posição da sua sucessora não destoa: "Do ponto de vista científico, considera-se que as quotas são um incentivo ao profissional para ir mais longe", terá afirmado (ver aqui e aqui). E, nessa convicção, "deixou claro que não abdicará da sua imposição para aceder às menções de mérito".

Muito bem, como responsável máxima da tutela, pode impor tais quotas: será uma decisão política, burocrática, administrativa, mas não será uma decisão científica.

E não será uma decisão científica porque, para o ser, teríamos de dispor de evidências empíricas claras de que as quotas, quando integradas num sistema de avaliação do desempenho docente, se relacionam com o estímulo que os professores sentem para melhorarem o seu ensino.

Maria Helena Damião e Maria Regina Rocha

8 comentários:

touaki disse...

A ler/rever:
"The meritocracy Myth"
http://www.ncsociology.org/sociationtoday/v21/merit.htm

Anónimo disse...

É verdade, mas sem quotas vão ser todos excelentes, quer em auto-avaliação, quer em avaliação pelos pares.

Socrates disse...

Daquilo que me e' dado a conhecer, as quotas levam a que algumas pessoas nao tenham a nota que deveriam ter e percam qualquer estimulo para irem alem do minimo estritamente necessario. E' que quando uma pessoa nao e' recompensada por fazer mais e melhor do que aquilo que e' suposto, ela nao se vai dar a esse trabalho correndo o risco de levar outra sub-avaliacao devido ao sistema de quotas.

Anónimo disse...

A educação é em si um grande projecto em que ainda não se sabe concretamente em que é que recaem as falhas, as causas da sua ineficácia, o novo sistema avaliativo demonstra um carácter do aspecto económico, inviabilizando a sua qualidade, o que já se verifica ao nível da acção educativa pelos contextos dos alunos.

Anónimo disse...

"So, a good teacher evaluation scheme must have:
1. Clear purposes, be they to determine good teaching (Scriven 1973), to reassure audiences (Lortie 1975), to acknowledge teacher achievement (Owens 1991) or to support staffing decisions (Lawrence et al 1993).
2. Clear criteria for judging teacher quality that accept that teaching is a complex activity dependent on a specific context and delievered to a specific audience.
3. Clear processes for decision making that accept the inherent subjectivity that occurs in all teacher evaluation.
4. A clear definition of quality teaching that is not based on a minimum competency.
5. Teacher involvement.
6. As many different and varied sources of data as possible (Peterson, Stevens & Ponzio 1998).
7. Validity and reliability.
8. Consideration for the multiple roles of teachers.
9. Acknowledgement for exceptional practice built into the system.
10. Transparency of process and protection from POLITICAL INFLUENCES (Peterson 2000, 84)."

Fartinho da Silva disse...

Esta teoria é tão tonta que se torna difícil desmontar!

Porque não dizem a verdade? Porque não dizem que o país está muito perto da falência? Porque não dizem que não conseguem pagar salários acima dos 1000 euros? Porque não dizem que este regime falhou?

Enquanto a classe dirigente que temos (e que merecemos ter) tiver a qualidade que tem, não podemos de forma alguma superar a nossa (de todos nós) evidente mediocridade! Esta mediocridade só se pode superar quando a assumirmos todos e quando, de uma vez por todas, percebermos, todos, que a nossa sociedade vive em competição com todas as outras sociedades ocidentais e algumas orientais. Enquanto não percebermos isto, não percebemos nada e continuaremos no plano inclinado em que mergulhámos desde 1989!

No sector do "ensino" em particular como pode um ministério falar em avaliação docente, quando é evidente que a avaliação em si não lhe interessa nada? Será possível a existência de pessoas que ainda não perceberam que a classe dirigente, devido a todos os desvarios cometidos desde 19989, está apenas interessada em reduzir de forma drástica os salários dos professores, médicos, enfermeiros, etc., etc.? E está apenas interessada neste aspecto por duas razões:
1. pânico das consequências das verdadeiras reformas que urge fazer (embora qualquer pessoa que consulte os boletins do Banco de Portugal percebe que esse tempo já se esgotou e portanto...);
2. perda dos verdadeiros privilégios desta classe dirigente.
Como dizia o outro, o dinheiro está a acabar a uma velocidade inacreditável e como tal urge garantir a repartição do mesmo para o grupo de sempre, até um dia...

Porque ninguém tenha ilusões, o que se está a passar neste sector do país vai acontecer em todos os outros, basta que a taxa de juro interbancária suba para 3% para o serviço de dívida do país se tornar no nosso muro de Berlim!

Anónimo disse...

Na carreira universitária não existe um sistema de quotas (com outro nome: vagas)? O número de associados, catedrátiocs etc. é pré-determinado, não se podendo ser promovido se não houver vagas.
Se não houver quotas no secundário também a promoção na carreira universitária não deverá depender de vagas. Se a existência de professores e professores titulares é indigno, também a existência de professores auxuliares, associados e catedrátiocs é uma indignidade. Estarei a ver mal? Por favor expliquem-me.

Fartinho da Silva disse...

Caro anónimo,

Veja o que se passa no sistema universitário americano e compare com o descrito por si e tire conclusões!

Depois desta comparação, compare os salários de um doutorado e de um bacharel no ensino não superior em Portugal. Compare, ainda o salário de um professor do 1º ciclo com um professor de Física do 12º ano e tire conclusões.

Não vá na onda, pense pela sua própria cabeça.

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