segunda-feira, 24 de agosto de 2009

PORTUGAL A QUENTE E FRIO

Há pouco tempo apontei neste blogue a falta entre nós de livros de divulgação da ciência escritos por jornalistas de ciência. Acaba de sair um livro desse tipo, que até por não haver muitos, saúdo vivamente: "Portugal a Quente e Frio", da autoria de duas das melhores jornalistas de ciência portuguesa Filomena Naves e Teresa Firmino. O tema é o das alterações climáticas, que tanta tinta tem feito correr nos jornais. A editora é a Livros d'Hoje, uma chancela das Publicações Dom Quixote. Na capa surge, à laia de subtítulo: "O primeiro livro que aborda o tema das alterações climáticas no nosso país".

Como ainda não li, ou melhor como só li o prefácio do físico da Universidade de Lisboa Filipe Duarte Santos, o nosso grande especialista em alterações climáticas, limito-me por enquanto a transcrever um parágrafo desse prefácio:

"A temática das alterações climáticas dos séculos XX e XI tem tido uma enorme visibilidade mediática que, por vezes, deixa o leitor, ouvinte ou espectador mais perplexo e confuso. Do ponto de vista da narrativa da ciência, é natural que se dê uma ampla cobertura nos media, porque o tema encerra um risco muito considerável, sobretudo para as futuras gerações - os nossos filhos, netos, bisnetos... - e temos todos uma parcela de responsabilidade na gestão desse risco. Por estas razões, é desejável que a divulgação da problemática das alterações climáticas junto do grande público seja feita de forma crítica e rigorosa, apresentando fielmente a narrativa da ciência e as incertezas e lacunas no conhecimento científico que persistem.

Estes objectivos estão inteiramente atingidos no "Portugal a Quente e Frio: As Alterações Climáticas no Século XXI." O livro faz uma breve história do estudo das alterações climáticas em Portugal, incluindo os modelos e cenários futuros e os impactos nos mais importantes sectores sociais e económicos e, ainda, nos sistemas biofísicos".

1 comentário:

Anónimo disse...

Sobre as alterações climáticas,
A mudança climática global, verificada no século XX e intensificada nas últimas décadas, constitui uma ameaça sobre o homem e a natureza. As alterações climáticas podem ter causas naturais (variações lentas na luminosidade do Sol ou nos parâmetros que definem a órbita da Terra em torno do Sol) e/ou antropogénicas (devido principalmente às alterações na composição da atmosfera). As alterações da atmosfera tem sido alterada pela emissão directa de gases com efeito de estufa (GEE), assim como por perturbações nas características físicas, químicas e ecológicas do sistema terrestre, embora as estimativas das emissões relacionadas com estas perturbações (nomeadamente pela queima da biomassa) sejam mais difíceis de contabilizar que as emissões directas de gases para a atmosfera.
O efeito de estufa é um processo natural, sendo responsável pela elevação da temperatura na Terra que não seria possível na ausência de GEE . Os GEE, presentes na atmosfera, criam uma espécie de estufa, permitindo a entrada de radiação solar mas absorvendo parte da radiação infravermelha (calor) irradiada pela superfície terrestre.
Os GEE são gases que absorvem e emitem radiação infravermelha. Para que a temperatura média global na troposfera seja relativamente estável no tempo, é necessário que haja equilíbrio entre radiação solar incidente absorvida e radiação solar irradiada sob a forma de radiação infravermelha (calor).
Os GEE mais importantes são o CO2 (dióxido de carbono), CH4 (metano), N2O (óxido nitroso), HFCs (hidrofluorcarbonetos), PFCs (perfluorcarbonetos), SF6 (hexafluoreto de enxofre) e ozono (troposférico). A queima de combustíveis fósseis (como o carvão e o petróleo) (responsáveis por cerca de 75% das emissões antropogénicas de CO2 para a atmosfera), fogos florestais, alterações no uso do solo, transportes e deposição em aterro são algumas das fontes antropogénicas de GEE.
As florestas, solo e oceanos representam sumidouros de carbono na medida em que permitem a sua retenção. Apenas as florestas e o solo, este último em muito menor escala, têm capacidade de trocar o carbono activamente com a atmosfera, sendo por isso considerados os mais importantes. No entanto, a destruição das florestas naturais e a libertação de grandes quantidades de CO2 têm levado a que a fixação deste gás pelos sumidouros não seja suficiente para compensar o que é libertado, tendo-se vindo a intensificar a sua concentração na atmosfera. Desde 1750, a concentração atmosférica de CO2 aumentou 31% enquanto que a de CH4 aumentou em 151%.
A temperatura média global da atmosfera à superfície aumentou durante o século XX em 0.6ºC +/- 0.2ºC, tendo ocorrido a maior parte do aquecimento durante dois períodos: de 1910 a 1945 e de 1976 a 2000, representando a década de 1990 e o ano de 1998 a década e o ano mais quentes do século. Este aquecimento tem acompanhado a fusão de glaciares sobre os mares (tendo já provocado nos últimos 50 anos uma subida de 10 a 20 cm do NMM – nível médio do mar) e lagos. A cobertura de neve mundial regrediu 10% desde o fim dos anos 60 e a espessura do Árctico cerca de 40%.
A frequência de condições extremas no Inverno com mais tempestades e inundações nos países do Norte e períodos de seca com incêndios florestais nos países do Sul tem aumentado, tendo-se também verificado um aumento da severidade de cancros em choupos, facilitado pelo decréscimo de humidade na casca dos mesmos.

Cumpts,
Madalena Madeira

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